Shirlei Costa Rodrigues
Edivanaldo Serafin de Souza
Maria Aparecida Lourenço dos Santos
Rosemari Wieczorek
Gilmara dos Santos França
Eduardo Moraes Rocha
Alessandra Andrade
Luciana Fernandes de Sousa
Milson Pereira da Silva Júnior
Cristina Duarte da Silva
Emanuel Antonio de Rezende Araújo
Antes de entender as questões ligadas à abordagem da cultura africana e indígena devemos lembrar que o território brasileiro era ocupado por índios antes da chegada do europeu e que não houve maior fluxo de negros (escravizados) do que para o Brasil.
Para se ter uma ideia, o Brasil recebeu em torno de 4,86 milhões de escravos negros durante os 350 anos de escravidão. Estima-se que hoje existam cerca de 820 mil indígenas, representando aproximadamente 305 diferentes etnias, número este que nos faz refletir quando pensamos nos quase 6 milhões que existiam em nosso país antes da chegada dos portugueses.
As culturas indígena e africana são basilares na formação do povo brasileiro. Ao lado da contribuição europeia, esse tripé lastreia nossos hábitos, crenças, costumes, modos de fazer, tradições, história, política...
Ocorre que, diferente do que aconteceu com a herança europeia, que é exaltada e amplamente divulgada, as contribuições dos índios e dos negros são muitas vezes marginalizadas e inferiorizadas em um país que tem em sua gênese o DNA NEGRO E INDÍGENA.
Ocorre também que, com o passar do tempo, o brasileiro busca cada vez mais conhecer suas origens e se identificar em seu país.
No entanto, ainda se faz necessária a ampla divulgação de movimentos de conscientização a respeito da cultura africana para a conscientização da sociedade brasileira, para que em curto e médio prazo possa ser apoiada em toda sociedade.
A causa indígena ganha voz na imprensa, e o advento das redes sociais permite que lideranças indígenas exponham injustiças que antes se perdiam no silêncio da impunidade.
Essa busca pela verdade, pelas origens, pelas raízes aliada ao despertar da sociedade, coloca o ESTADO em posição de reparador desse processo de injustiças.
Ações ligadas à assistência e desenvolvimento de comunidades indígenas têm sido desenvolvidas nos últimos anos.
Cotas étnico-raciais foram instituídas em universidades e concursos públicos.
A legislação que lastreia a educação básica foi alterada a fim de oferecer o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena em todas as escolas de Ensino Fundamental e Médio, públicas e privadas.
Art. 26- A.Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.
A questão de se trabalhar as culturas indígena e africana no currículo escolar brasileiro vai além da ideia de se estudar um determinado período ou fato histórico (escravidão, chegada dos europeus...), é preciso antes de tudo se trabalhar a identificação que TODO BRASILEIRO tem com essa temática.
Não é olhar o processo de fora, com a análise de gravuras antigas, estrutura de navios negreiros, curiosidades sobre o modo de vida de tribos indígenas extintas nos dias de hoje. Faz-se necessário um olhar sobre a atualidade: o que diz o índio que está no congresso nacional? Onde fica a aldeia indígena mais próxima da minha casa? Por que meus cabelos são enrolados? Que religião é essa que toca tambores no meu bairro? Qual é a minha cor e que beleza há nela? O que é preconceito? Eu sei as origens da minha família? Qual é o meu conceito de beleza? Eu sou bonito(a)?
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